sexta-feira, 31 de março de 2006

abraço

Se um dia...
eu escrever a palavra abraço sem pensar em dois braços enleando um do outro cada um de dois corpos
Se um dia...
a palavra abraço se desfizer em letras tal folhas da árvore em estação de Outono
Se um dia...
eu gritar abraço e apenas a palavra vier escrita nas ondas, som reflexo do som que eu gritei
Se um dia...
eu deixar de ouvir a palavra abraço cantada nas rimas dos poetas
Se um dia...
o abraço não se entretecer nas flores derramadas junto à cova do morto
Se um dia...
a criança que fui esquecer me abraçar nos dias ensombrados que tem meu viver
Se um dia...
eu fugir do abraço oferecido, que a pele é funesta doença
Se um dia...
eu escrever a palavra abraço e alguém a riscar, o abraço exaurido, apagado

Prefiro nem pensar neste Ses inventados
Não perder nem segundos a remoer futuro

Ir escrevendo,
muito antes que rasguem a palavra
Ir abraçando,
forte abraço de doer
Soletrar abraço,
cada letra num diverso cair
Ler o poeta ausente a florir mais abraços
Ouvir a oferta do eco cativado e mudo.

3 comentários:

Alberto Oliveira disse...

Estou de férias de facto e da blogsfera. Se esse teu e-mail feet1 ainda está actualizado, tens dois para ler e a que não respondeste...

wind disse...

Tão bonito! Para sempre o abraço! Linda imagem. beijos

Amaral disse...

"Apanhaste-me", Seila! Não consegui chegar muito longe, mas foi o que me veio à cabeça…
O teu "abraço" é um poema brilhante, embalado nos "ses" inquietantes, mas rematado no querer esfuziante de abraçar o "ser" que escreve, que abraça e que sente…

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein